Mataram Kadafi, Saddam Hussein, Bin Laden...
Homens “monstros” foram assassinados brutalmente quase em tempo real na televisão e internet. A tecnologia que ajudou encontrar os homens que eram verdadeiras bombas, também rapidamente nos mostrou as cenas de horror que nunca mais queremos ver... Será que não queremos ver mesmo?
Que tal constatar que certa alegria e tranqüilidade bateram internamente em muita gente e quem sabe em nós também que agora lemos confortavelmente este texto em nossa cadeira confortável, ou mesmo, em nossa rede estirada? Estamos assistindo em berço esplêndido a volta da barbárie, o mundo está um verdadeiro desmando. O verdadeiro interesse não é mais corrigir erros, mas aniquilar os responsáveis pelos erros.
Nada mais deprimente e lamentavelmente tosco que ver as fotos e o vídeo da morte de Kadafi dias atrás, o que dizer da foto do Saddam enforcado?... O pior, boa parte da humanidade acredita que estejamos fazendo justiça. O problema é este, justiça do nosso modo, ou do modo americano de ser. Os culpados devem morrer!
Será que o ser humano tão acostumado com o nível de violência na TV não se importa mais com o que é correto? Não se pergunta mais pelos métodos usados para a vingança e para a prática da (In) justiça? Será que tem que ser assim mesmo? Não percebemos que estamos nos tornando homens e mulheres profundamente sanguinários e gostando da experiência, vamos expandindo cada vez mais a prática do mata quem te persegue? Não são discutíveis aqui os horrores que estes senhores praticaram, apenas me pergunto se é por aí mesmo o caminho do não julgamento ou mesmo do julgamento que acaba em pena de morte. Estamos pagando a morte com a morte, é isso? Sim, com certeza, esta é a justiça que mancha as nossas mãos e a nossa índole de sangue. Será esta uma oportunidade de olhar para outras mortes que acontecem naquele ambiente civil e religioso? O direito das mulheres, por exemplo, quando irão chegar? Ver uma multidão que em polvorosa pede sangue e que se lambuza no sangue do outro, em mim, me causa enojamento.
A sociedade hoje está invertida... nada é como antigamente... conforme minha santa avó dizia “meu neto, um dia a roda grande vai passar pela pequena” não sabia eu que veria este dia chegar, ele chegou... Diante de toda tecnologia, da arrogância da ciência e de sua auto-suficiência, vemos a barbárie acontecer diante de nossos olhos e não fazemos nada, a não ser ficarmos mais tranqüilos, alienadamente convencidos de que agora chegará a paz. Para os iludidos pode haver a impressão de vitória. Porém, para os realistas, a guerra continua e o pior, sempre quem sai perdendo é a humanidade ferida e desconsolada. Como também, cada dia mais descrente no próprio ser humano.
Quem de verdade morreu, ou está morrendo? O ser humano e sua capacidade de dialogar, perdoar, julgar e condenar... Estão ultrapassando seus limites, tanto que já é normal e necessário executar, fazer justiça com as próprias mãos. Pe. Laércio.sj
Quem de verdade morreu, ou está morrendo? O ser humano e sua capacidade de dialogar, perdoar, julgar e condenar... Estão ultrapassando seus limites, tanto que já é normal e necessário executar, fazer justiça com as próprias mãos. Pe. Laércio.sj
Nenhum comentário:
Postar um comentário