Uma bonita prece no final do texto do
Doc. De Aparecida (554) nos convida a oração.
A oração nos diz assim: “Fica,
Senhor, com nossas crianças e com nossos jovens, que são a esperança e a
riqueza de nosso Continente, protege-os de tantas armadilhas que atentam contra
sua inocência e contra suas legítimas esperanças”.
Esta prece levou-me a refletir sobre a
realidade e a relação que existe entre juventudes e comunidades locais. Nossos
jovens estão entre os vulneráveis desde mundo...
Por isso, cabe aqui um convite a que rezemos com, e pelos jovens “golpeados” deste mundo... Rezemos também, pela
nossa ação evangelizadora com as juventudes. Por vezes somos demasiados
moralistas, exigentes, controladores, não deixamos a juventude ser ela mesma... Temos medo de o jovem dizer o que sente, não gostamos de ver o jovem
ser diferente... Queremos jovens com nossos padrões, que acolham nossas
verdades... sem questionar... Só seremos verdadeiros missionários da juventude
quando adquirirmos um jeito missionário de ser que inclua a dor e o sofrimento
do jovem, quando entrarmos em sua realidade o contrário do que esperamos,
queremos e acreditamos. O pior é que o nosso preconceito nos coloca já na
situação de acusadores, e os jovens ocupam o lugar de culpados, de modo
especial se ele estiver com um brinco, um piercing, uma tatuagem,(e se ele fumar, beber ou for um viciado?) já não serve para nossos grupinhos fechados, pois “aqui
em ‘meu’ grupo ninguém pode participar desse jeito”... Antes de acolher, expulsamos... não estou dizendo que jovem não precisa de regras... pelo contrário!
O fato de não concordarmos com algumas
ou várias posturas dos jovens, não significa que sempre estejamos com a
razão... O jovem, mesmo contrariando nossas expectativas, ele pode muitas vezes
estar com a razão, porém, não temos a humildade em aceitar que um jovem nos
ensine a como fazer algo... Entretanto, quando necessitamos de um ajuste em nosso
computador, logo nos lembramos deles... Conclusão: para muitos, os jovens ainda
são “mão de obra barata” e animadores de auditórios...
Estamos ultrapassados no trato com a
juventude, simplesmente pelo fato da juventude ser dinâmica, mudar de opinião
constantemente, busca algo novo... Sabemos também que ela sofre com seus
vazios... A juventude chora, padece... luta... e nós de que lado estamos?
Aproximamo-nos da
juventude, porém não queremos escutá-los. Achamo-nos demasiados evangelizados.
Achamos que sabemos de tudo, inclusive o jeito do jovem viver. Esquecemos o
quanto tantos jovens vivem em nossas igrejas e o esforço nem foi nosso. Apenas,
eles sentiram-se tocados pelo amor de Deus, pela força que emana Dele. Esquecemos
a forma como fomos conduzidos pelo Senhor através de alguém, de uma coisa, acontecimentos
ou mesmo através de uma alegria que sentimos... Esquecemos o quanto nós fomos
rebeldes... teimosos, e achávamos que estávamos “abalando Bangu”.
Cabe a cada um de nós
um aproximar-se dos jovens com aquela liberdade que embalava Jesus. Uma aproximação
sem preconceitos que oferece uma água viva (como no encontro de Jesus com a
Samaritana), mas que não invade a privacidade do jovem, que não o condena
precipitadamente, que não o subestima, pelo contrário, acredita na boa vontade
deles, acredita que um dia, na sua hora a “ficha vai cair”, nossa missão primeira
é apenas anunciar. Daí, sentiremos que este aproximar-se dos jovens nos desinstalam, nos tiram do protocolado, do corriqueiro, nos tira das seguranças demasiadas, nos faz sair de nossas preocupações exageradas, para vivenciarmos um olhar generoso, caridoso e voluntário para com o outro, de fato, A JUVENTUDE NOS DESINSTALA...
Desinstalados ou instalados, somos convidados a depois do ANÚNCIO, a irmos cuidar, acompanhar, ficar com com os jovens e lançá-los ao mundo de volta, para evangelizar e testemunhar onde ele foi
plantado, lá no trabalho, na escola, na universidade... na Igreja... na
Sociedade... é lá que o jovem deve fecundar e assim, anunciar, comunicar o que
viram e ouviram sobre o jovem Jesus de Nazaré. Fica, Senhor, conosco, ajuda-nos a compreender
a tua vontade. Pe. Laércio.sj
muitas vezes temos um zelo com a palavra igualmente como Paulo, um zelo exagerado e que a diferença é que ele reconhece e pede desculpa e procura mudar de atitude, ser mais moderado. Nós muitas vezes não queremos, por fina força queremos as coisa como nós achamos que deveria ser, o pleno cumprimento da lei. Mais lembramos que José marido de Maria, desobedeceu para cumprir o Amor e foi isto que Jesus veio para ensinar a prática do Amor e não o cumprimento da lei, que Paulo fala na sua carta aos romanos. Assim se devemos viver no Amor porque acusar os nosso jovens? não estaríamos desobedecendo nosso Salvador?devemos lembrar que o Amor é o pleno cumprimento da lei, 1cor 13.
ResponderExcluirIsso me lembra aquela história de ouvirmos mais e falarmos menos. Na mesma linha, precisamos olhar menos para si e enxergar o outro, por mais difícil que seja [ninguém falou que seria fácil, não é?]. Faz-se necessário, para ousar trabalhar com a juventude, se indispor a si mesmo. Rejeitar os os conceitos e os preconceitos já "instalados" em nossos corações e mentes. É preciso sair da situação de comodidade. É, tem hora que é preciso sentar no sofá para que mais gente caiba nele. Ficar deitado é que não dá. Adorei o texto e as reflexões geradas por ele. Ótimo ler-te querido Padre Laércio! Abraço! Vamos nos traduzindo nesse mundo...
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