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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A Juventude nos desinstala!


Uma bonita prece no final do texto do Doc. De Aparecida (554) nos convida a oração.
A oração nos diz assim: “Fica, Senhor, com nossas crianças e com nossos jovens, que são a esperança e a riqueza de nosso Continente, protege-os de tantas armadilhas que atentam contra sua inocência e contra suas legítimas esperanças”.
Esta prece levou-me a refletir sobre a realidade e a relação que existe entre juventudes e comunidades locais. Nossos jovens estão entre os vulneráveis desde mundo...  
Por isso, cabe aqui um convite a que rezemos com, e pelos jovens “golpeados” deste mundo... Rezemos também, pela nossa ação evangelizadora com as juventudes. Por vezes somos demasiados moralistas, exigentes, controladores, não deixamos a juventude ser ela mesma... Temos medo de o jovem dizer o que sente, não gostamos de ver o jovem ser diferente... Queremos jovens com nossos padrões, que acolham nossas verdades... sem questionar... Só seremos verdadeiros missionários da juventude quando adquirirmos um jeito missionário de ser que inclua a dor e o sofrimento do jovem, quando entrarmos em sua realidade o contrário do que esperamos, queremos e acreditamos. O pior é que o nosso preconceito nos coloca já na situação de acusadores, e os jovens ocupam o lugar de culpados, de modo especial se ele estiver com um brinco, um piercing, uma tatuagem,(e se ele fumar, beber ou for um viciado?) já não serve para nossos grupinhos fechados, pois “aqui em ‘meu’ grupo ninguém pode participar desse jeito”... Antes de acolher, expulsamos... não estou dizendo que jovem não precisa de regras... pelo contrário!
O fato de não concordarmos com algumas ou várias posturas dos jovens, não significa que sempre estejamos com a razão... O jovem, mesmo contrariando nossas expectativas, ele pode muitas vezes estar com a razão, porém, não temos a humildade em aceitar que um jovem nos ensine a como fazer algo... Entretanto, quando necessitamos de um ajuste em nosso computador, logo nos lembramos deles... Conclusão: para muitos, os jovens ainda são “mão de obra barata” e animadores de auditórios...
Estamos ultrapassados no trato com a juventude, simplesmente pelo fato da juventude ser dinâmica, mudar de opinião constantemente, busca algo novo... Sabemos também que ela sofre com seus vazios...  A juventude chora, padece... luta... e nós de que lado estamos?
Aproximamo-nos da juventude, porém não queremos escutá-los. Achamo-nos demasiados evangelizados. Achamos que sabemos de tudo, inclusive o jeito do jovem viver. Esquecemos o quanto tantos jovens vivem em nossas igrejas e o esforço nem foi nosso. Apenas, eles sentiram-se tocados pelo amor de Deus, pela força que emana Dele. Esquecemos a forma como fomos conduzidos pelo Senhor através de alguém, de uma coisa, acontecimentos ou mesmo através de uma alegria que sentimos... Esquecemos o quanto nós fomos rebeldes... teimosos, e achávamos que estávamos “abalando Bangu”.
Cabe a cada um de nós um aproximar-se dos jovens com aquela liberdade que embalava Jesus. Uma aproximação sem preconceitos que oferece uma água viva (como no encontro de Jesus com a Samaritana), mas que não invade a privacidade do jovem, que não o condena precipitadamente, que não o subestima, pelo contrário, acredita na boa vontade deles, acredita que um dia, na sua hora a “ficha vai cair”, nossa missão primeira é apenas anunciar. Daí, sentiremos que este aproximar-se dos jovens nos desinstalam,  nos tiram do protocolado, do corriqueiro, nos tira das seguranças demasiadas, nos faz sair de nossas preocupações exageradas, para vivenciarmos um olhar generoso, caridoso e voluntário para com o outro,   de fato, A JUVENTUDE NOS DESINSTALA... 

Desinstalados ou instalados, somos convidados a depois do ANÚNCIO, a irmos cuidar, acompanhar, ficar com com os jovens e lançá-los ao mundo de volta, para evangelizar e testemunhar onde ele foi plantado, lá no trabalho, na escola, na universidade... na Igreja... na Sociedade... é lá que o jovem deve fecundar e assim, anunciar, comunicar o que viram e ouviram sobre o jovem Jesus de Nazaré.  Fica, Senhor, conosco, ajuda-nos a compreender a tua vontade. Pe. Laércio.sj 

sábado, 29 de outubro de 2011

UM INCÊNDIO É NECESSÁRIO!!!


Ide e incendiai o mundo
Creio que todas as pessoas que possuem o juízo no lugar, possuem medo do fogo. Um incêndio traz em si uma tensão, a imagem do fogo é linda, porém, sabemos que num incidente, há também no fogo muita destruição. Porém, somos cristãos! Jesus mesmo em seu evangelho nos diz que veio para trazer o fogo Lc 12,49 “Eu vim trazer o fogo a terra...” Esse é Jesus, e nós que devemos fazer?

Diz a tradição inaciana que Santo Inácio de Loyola ao enviar os primeiros companheiros em missão, isso no século XVI, ele havia dito “Ide e incendiai o mundo no amor de Deus...”, ou seja, incendiar é a nossa vocação, afinal estamos seguindo os passos de um “incendiário” que veio trazer fogo à terra. Inácio entendeu bem o recado de Jesus e logo deu continuidade a sua missão de incendiar no amor de Cristo.

Incendiar sempre, não acomodar-se!
O comodismo e a alienação são dois grandes pecados da humanidade nos dias de hoje. O individualismo leva o ser humano a pensar só em si mesmo. Por isso, incendiar dá muito trabalho. O comodismo hoje gera homens e mulheres alheios a tudo, em alguns cantos do mundo, é verdade, estão aparecendo focos de incêndio que nos fazem querer mais fogo. Como por exemplo, o “Movimento dos Indignados” em Roma, New York, Londres... de alguma forma estão inconformados e não ficaram em casa acolhendo tudo indiferentemente, o gesto deles, aquecem o desejo de transformação nos outros indignados que começas a mostrar o rosto e vão às ruas.
Reagir é preciso! Incendiar é necessário – olhar para o mundo gélido, sem fogo, desanimado e acomodado no erro do subjetivismo, da frieza do coração humano diante das atrocidades que se tornaram tão comuns, deve sempre nos levar a uma santa indignação – ao profetismo.
A postura dos indignados, dos profetas, dos “incendiários” nos faz refletir que não estão buscando mais do mesmo. Em tempos de globalização, as músicas, as roupas, o espiritualismo, o comodismo, o terrorismo, tornaram-se também algo corriqueiro em nossa vida e estão sempre diante de nossos olhos  e não fazemos nada, apenas nos conformamos ou ficamos procurando culpados. É preferível permanecer descrente e distante, para não se queimar. Isso significa abrir mão da possibilidade de viver uma alegria contagiante e aquecida pela teimosia de ser diferentemente parecidos com Jesus, a ser deprimentemente igual a tantos que não dizem nada, não influenciam em nada, não fazem a diferença, não possuem fogo necessário para aquecer o coração de ninguém, pelo contrario, “apaga a chama que ainda fumega”. Para tanto, é necessário que cada pessoa tenha a coragem de sair do seu mundo limitado, fechado e voltado pra si mesmo e ir ao encontro da verdadeira chama que nunca cessará.
Como abrasar o próprio coração em pleno século XXI?
O fato de estarmos numa sociedade pós-moderna, não significa que todas as respostas para nossas perguntas estejam atreladas à pós-modernidade. Nem por isso, poderemos dizer que estamos buscando respostas antigas para problemas novos, afinal o problema do ser humano permanece sempre o mesmo desde o início do mundo: como viver bem, como alcançar a liberdade e a felicidade... Metas bem conhecidas do ser humano em todas as gerações e período históricos. Também aqui não significa que, para querer incendiar o mundo de hoje, tenhamos que reinventar o fogo, basta apenas deixar que ele queime sempre, aqueça sempre e até mesmo purifique. Temos que passar pelo fogo, como o ouro e a prata.
Como vemos, o desafio está posto: manter o coração aquecido, como também, buscar a chama no lugar certo e certificar-se que o fogo recebido não é um fogo cenográfico. Encontrar focos de incêndio hoje que possam reacender a nossa chama é uma missão difícil, porém fundamental. Encontrar lugares em que a Palavra de Deus continue sendo acolhida e valorizada.
A caridade, a justiça social e a oração, são três caminhos seguros para o encontro com a chama, com aquele que queima o nosso ser - “é como a chuva que lava, é como fogo que arrasa, Tua Palavra é assim, não passa por mim sem deixar um sinal”.
A escuta da Palavra de Deus, será para nós um caminho seguro neste processo de desejar encontrar a chama e manter o coração aquecido. Sem ela não teremos condições de incendiar nem nossa vida, imagine o mundo. Pois, é pela Palavra que conhecemos a Jesus, lá descobrimos Jesus na vida do irmão, local quente, aquecido.
Tendo encontrado a chama, o fogo que não se acaba, é chegada a hora de colocar em prática aquilo que a chama nos apresentou e iluminou, é hora de transmitir. Nós somos comunicação, somos relação.  É hora de incendiar, aquecer... gastar a vida, deixar-se gastar, queimar...
O fogo que Jesus veio trazer nos purifica e revela a nossa verdade. O fogo que vem do coração de Deus, do céu, nos aquece e envia. Trazer de volta a alegria de viver é missão de quem tem o coração alegre e aquecido. Santo Alberto Hurtado (jesuíta do Chile) no caminho de Inácio de Loyola, nos revela a nossa verdadeira vocação, que é no frio das relações deste mundo tão banal e artificial que devemos ser “um fogo que acende outros fogos”, sermos tochas, velas... luzes... ao apontar para outra possibilidade de vida a iluminar esta sociedade cinza, como diz o Pe. Libânio. Pe. Laércio.sj

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

KADAFI - BIN LADEN - SADDAM - O HUMANO

Mataram Kadafi, Saddam Hussein, Bin Laden... Homens “monstros” foram assassinados brutalmente quase em tempo real na televisão e internet. A tecnologia que ajudou encontrar os homens que eram verdadeiras bombas, também rapidamente nos mostrou as cenas de horror que nunca mais queremos ver... Será que não queremos ver mesmo? Que tal constatar que certa alegria e tranqüilidade bateram internamente em muita gente e quem sabe em nós também que agora lemos confortavelmente este texto em nossa cadeira confortável, ou mesmo, em nossa rede estirada? Estamos assistindo em berço esplêndido a volta da barbárie, o mundo está um verdadeiro desmando. O verdadeiro interesse não é mais corrigir erros, mas aniquilar os responsáveis pelos erros. 

Nada mais deprimente e lamentavelmente tosco que ver as fotos e o vídeo da morte de Kadafi dias atrás, o que dizer da foto do Saddam enforcado?... O pior, boa parte da humanidade acredita que estejamos fazendo justiça. O problema é este, justiça do nosso modo, ou do modo americano de ser. Os culpados devem morrer! Será que o ser humano tão acostumado com o nível de violência na TV não se importa mais com o que é correto? Não se pergunta mais pelos métodos usados para a vingança e para a prática da (In) justiça? Será que tem que ser assim mesmo? Não percebemos que estamos nos tornando homens e mulheres profundamente sanguinários e gostando da experiência, vamos expandindo cada vez mais a prática do mata quem te persegue? Não são discutíveis aqui os horrores que estes senhores praticaram, apenas me pergunto se é por aí mesmo o caminho do não julgamento ou mesmo do julgamento que acaba em pena de morte. Estamos pagando a morte com a morte, é isso? Sim, com certeza, esta é a justiça que mancha as nossas mãos e a nossa índole de sangue. Será esta uma oportunidade de olhar para outras mortes que acontecem naquele ambiente civil e religioso? O direito das mulheres, por exemplo, quando irão chegar? Ver uma multidão que em polvorosa pede sangue e que se lambuza no sangue do outro, em mim, me causa enojamento. 


A sociedade hoje está invertida... nada é como antigamente... conforme minha santa avó dizia “meu neto, um dia a roda grande vai passar pela pequena” não sabia eu que veria este dia chegar, ele chegou... Diante de toda tecnologia, da arrogância da ciência e de sua auto-suficiência, vemos a barbárie acontecer diante de nossos olhos e não fazemos nada, a não ser ficarmos mais tranqüilos, alienadamente convencidos de que agora chegará a paz. Para os iludidos pode haver a impressão de vitória. Porém, para os realistas, a guerra continua e o pior, sempre quem sai perdendo é a humanidade ferida e desconsolada. Como também, cada dia mais descrente no próprio ser humano.
Quem de verdade morreu, ou está morrendo? O ser humano e sua capacidade de dialogar, perdoar, julgar e condenar... Estão ultrapassando seus limites, tanto que já é normal e necessário executar, fazer justiça com as próprias mãos. Pe. Laércio.sj

Steve Jobs, um história.

Morreu Steve Jobs, grande homem, inteligente, vencedor, empreendedor, ser humano. Certamente pela sua capacidade de criar e de relacionar-se com a sua criatividade, Jobs deixa um legado importantíssimo e, dizem, insubstituível. Todas estas são palavras que muitas pessoas têm usado para expressar a dor pela morte de Mr. Jobs. Claramente fragilizado pediu demissão de um dos cargos mais desejados do mundo; mais magro e bem mais discreto do que sempre foi, suas fotos já não correspondiam ao de sempre Steve Jobs que de tão inteligente e ao mesmo tempo tão austero, tornou-se num mito. 
 De uns dias desses para cá, tenho pensado muito na tensão existente entre o que é virtual e o que é real. Com a morte de Mr. Jobs, confesso que mais ainda me peguei pensando no que de fato significa nossa vida aqui neste mundo. Nos negócios, Mr. Jobs era um homem imbatível, uma mente brilhante que soube construir uma fortuna e alguns “brinquedinhos” tecnológicos que alegram a vida e facilitam a vida de muitos de nós seres humanos mortais como o próprio Mr. Jobs. Fico imaginando o que este gênio poderia ainda produzir, criar... li em algum lugar na internet que ele deixou uma produção para mais dois anos, alem de tudo, era um homem adiantado. Com sua morte pairou em mim uma pergunta - gostaria de saber o que era real e o que era virtual na vida de Mr. Jobs. Pois, com sua brilhante criatividade, ajudou e muito, aos simples seres humanos, incapazes de fazer o que ele fez, do modo como fez, a se transformarem em “seres indestrutíveis”, o sentimento pode ser este, seres indestrutíveis. 
Através dos Ipodes, Iphones, Ipads e tantos outros “Is”, ele nos levou a viajar para o mundo da fantasia. Com estes instrumentos multifuncionais, mais que nunca nos sentíamos conectados com o mundo virtual, que hoje, transformou-se numa zona de conforto e de realizações tão importantes que não sabemos mais viver sem elas, experimentem passar um dia sem o seu celular e entenderão o que falo... de modo especial se seu celular for uma Iphone. Meditando ainda o tema da morte de Mr. Jobs, lembrei de uma palavra que desde alguns anos entrou em nosso vocabulário de uma forma mais corrente, estou falando do AVATAR. 
Esta palavra possui vários significados, um deles diz que um avatar é aquele que descende de Deus, que se encarnou – no Hinduísmo “uma manifestação corporal de um ser imortal”, mas também significa aquelas figuras que criamos no mundo virtual de uma pessoa real. Diante destas duas explicações, confesso que pensei em Mr. Jobs, como se fosse para nós um avatar, poderia ser de um deus, que tudo pode e que tomou corpo para colocar em prática a sua grande capacidade e criar a APPLE... cheguei até a imaginá-lo como um avatar do ser humano que no mundo virtual nos representa e de certo modo se imortalizou. Escutamos esses dias muitos dizerem “ele se foi, mas vai ficar para sempre no meio de nós”. Bem, a frase não nos é estranha, de modo especial para quem é cristão. O que sei é que com sua brilhante mente, Mr. Jobs nos fez questionar a realidade de nosso eu. 
Perguntamo-nos a respeito de quem somos e o que podemos fazer de verdade neste mundo. Afinal, quem não ficou com a pergunta dentro de si: “como pode um homem só criar coisas tão inteligentes e que rende tanto dinheiro, e parece que está sempre brincando com o que trabalha?”. Pois é Mr. Jobs, descobrimos muitas coisas esses dias sobre o senhor, até quantas calças jeans possuías dentro do seu armário, quanta intimidade... descobrimos também, que o senhor era um humano, isso para brincar um pouco com uma frase de um amigo que chegou a dizer certa vez que achava que Mr. Jobs era um robô. Agora sabemos, Mr. Jobs era mortal, tinha uma fé budista, isso para explicar as mãos postas muitas vezes perto do rosto, gesto que parecia agradecimento por vezes e oração por outra. Steve Jobs se foi, o cabo com o mundo real foi desconectado. Mr. Jobs deixou de existir ou, agora sim, de verdade ele passou a existir. 

O que sabemos de certo é que, com sua morte, muitas pessoas se entristeceram e talvez, não duvido tenham se decepcionado ao descobrir que um dos homens mais ricos do mundo e mais poderosos também não teve forças para vencer a morte, imposta a todos os mortais. Agradecer, orar, são atitudes compatíveis com este momento, a Mr. Jobs e por ele. Por tudo que ele fez, e até mesmo pelo que fizeram dele. Mas a prece mesmo que quero fazer é por aqueles “usuários comuns” das invenções do Mr. Jobs o poder de saber que não podemos sucumbir a tentação de querer viver num mundo de avatares. A nossa realidade grita e espera por nós, para que sejamos aquilo que devemos ser, como Mr. Jobs foi. Um ser humano como qualquer outro. Pe. Laércio.sj

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A missão do Jesuíta HOJE.

A missão do JESUÍTA é a de viver na fronteira

“não são os mares ou as grandes distancias nem os obstáculos que desafiam os anunciadores do Evangelho, mas antes as fronteiras que…vêm interpor-se entre a fé e o saber humano, a fé e a ciência moderna, a fé e o compromisso pela justiça”
Papa Bento XVI aos Jesuítas em Roma. 

Muitas coisas me encantam na Companhia de Jesus, entre elas, a capacidade que vamos adquirindo em dialogar e respeitar o diferente de nós. Partilho com vocês uma leitura que fiz de um noticia vinda de Roma. O nosso Padre Geral (responsável pelos Jesuítas no mundo todo – que é sucessor de Santo Inácio de Loyola) nomeou vários Jesuítas como responsáveis pelo diálogo com outras religiões. Para mim, isso significa respeito e acolhida, significa também, não ter medo do diferente, não ter medo de estar com o outro que pensa de um modo distinto e reza de um modo distinto. É fantástico, isso mostra o tamanho do céu. Lá, há morada para muitos, mesmo que aqui na terra sejam diferentes, pensem de modo diferente e creiam de um jeito diferente.
São eles os padres que fazem parte do secretariado inter-religoso:
Diálogo com os cristãos Orientais e Protestantes:  Pe. Milan Zust.SJ  e o Pe. Thomas Rausch.SJ
Diálogo com outras religiões:
Budismo: Pe. Aloysius Pieris.SJ
Hinduísmo: Pe. Noel Sheth.SJ
Islam: Pe. Christian Troll.SJ
Judaísmo: Pe. Jean-Pierre Sonnet.SJ
Religiões Indígenas da África: Pe. Mpay Kemboly.SJ
Religiões Indígena das Américas: Pe. Xavier Albó.SJ
Está aqui um pouco da vocação dos Jesuítas no mundo – estar nas fronteiras – como pede o Papa Bento XVI  aos Jesuítas reunidos no Vaticano : “A Igreja precisa de vós, conta convosco, e continua a voltar-se para vós, com confiança, em particular para chegar àqueles lugares físicos e espirituais, onde outros não chegam ou tem dificuldades de chegar”.
Criar espaço para o diálogo com homens e mulheres que desejam descobrir e viver a vontade de Deus implica na humildade colocar-se ao lado, porém sem perder suas características, mantendo seu modo de ser e viver, para aos poucos, chegar a fazer do mundo, o Reino de Deus, quando haverá um só rebanho e um só Pastor.
A atitude de abertura significa também, estar corajosamente atento ao dinamismo do Espírito, afinal, tem medo da “pergunta” quem não tem segurança na resposta. O Espírito de Deus nos ajudará a dizer a coisa certa e a viver do modo certo tudo o que for a vontade de Deus diante dos desafios do mundo atual.
SER JESUÍTA hoje é ser um homem capaz de encontrar respostas em meio às dúvidas próprias do ser humano. É ser capaz de enxergar o novo presente nos desafios e mistérios da vida humana. É querer ser como Jesus no mundo.
O contrário desse modo de viver é se apegar e viver desmedidamente a normatização de tudo, do céu e da terra.  Quem se apega ciosamente aos dogmatismos, cegamente se contrapõe à mensagem de Jesus que dialogou com tantos que pensavam diferente dele. Ao mesmo tempo, significa ir contra a mensagem do Evangelho que sempre está nos convidando a um desinstalar-se dos excessos dogmáticos e viver a liberdade de Filhos de Deus, servindo sempre, amando sempre,  construindo sempre o Reino que também é nosso.
Rezemos pelo encontro do Papa Bento XVI com os representantes dos mais variados modos de crer que existem no mundo. O encontro acontecerá na cidade italiana de Assis, no dia 27 de outubro. Paralelamente, noutros países acontecerão encontros parecidos de acordo com a realidade religiosa de cada País. Continuemos nos passos de Jesus para a Maior Glória de Deus. Pe. Laércio.sj