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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Tenho medo de desejar Feliz Natal!


Tenho medo de desejar Feliz Natal!
A Esperança quer habitar em nós e não encontra morada. Mais um Natal – talvez a festa cristã mais pagã do mundo. O foco desta festa está cada vez mais no poder de compra, em detrimento daquele que tudo pode. Cada natal nos revela em nossa sociedade um sentimentalismo vazio de desejo de paz e mudança social, ressoa entre nós um amarelo “feliz natal!”. Temos um ano inteiro e não vemos muito esforço na construção e acolhida deste Natal. Porém, quando chega o Natal capitalista as luzes e sinos começam a nos encantar e alienar, fazendo-nos pensar que de fato há uma novidade na terra. Porém, passada a festa, ficam a ressaca e mau hálito do tão pronunciado “Feliz Natal” depois da noite da “ceia” regada a um bom vinho ou a já tão tradicional cerveja nacional tentando viver uma certa felicidades. O brilho da noite nova cheia de novidade dá lugar ao brilho artificial das luzes que acendem e apagam mostrando o quanto é incerta a luz deste mundo. A luz verdadeira não se apaga, não termina, brilha sempre pois é felicidade e esta não está a venda. Porém, os olhos estão impedidos de ver a verdadeira luz. Pois estão deslumbrados demasiadamente. O natal consumista e capitalista de hoje nos enche de estereótipos, o que dizer da figura gorducha do Papai Noel? Um ainda bom velhinho que continua sorrindo às nossas criancinhas. O verdadeiro presente, o bom velhinho não tem para dar. Porém, continua a doce ilusão do velhinho que desce pela chaminé de nossas casas, embora nossas casas não possuam chaminé... O que dizer da neve?  Pois é, ainda há adultos que acreditam no Noel – mesmo que transformado numa figura vazia e desnecessária numa sociedade já tão distante de sua verdadeira vocação.  Incentivar estereótipos como este, para mim, é continuar a não focar a vida e a existência na verdadeira base e sentido de nossa vida.  
O prometido chegou! A história se repete, não o acolhem e não o aceitam, pois estão muito ocupados em compras e promoções.  Ele será chamado Emanuel (Deus conosco)... Esquecemos de sua presença no meio de nós. As relações estão vazias e sem sentido; a sociedade busca novos parâmetros para sua sobrevivência; a fé foi instrumentalizada a ponto de preferirmos uma religiosidade fácil sem o Cristo a uma religião que nos coloque direto dentro do mistério a ser celebrado. Queremos nos relacionar com a fé e com a religião do mesmo modo que com o mercado, toma lá dá cá.  E Cristo vai cada vez mais desaparecendo da religião e da fé. Ficando como tábua de salvação à religiosidade artificial expressa (às vezes) num Feliz Natal.
Posso parecer pessimista para alguns, prefiro! Só não aceito ser chamado de Papai Noel! Confesso que às vezes, dependendo do ambiente e da realidade, tenho até medo de desejar um Feliz Natal, tenho medo de ser artificial e inconseqüente como tantos e milhares de homens e mulheres (pseudo-cristãos) ao desejar repetidas vezes esta frase sem pensar na conseqüência dela e sem pensar no que de verdade isso significa para eles. Como também, sem saber de verdade como será a aceitação desta saudação. Poderíamos ao menos nos perguntar como outrora “mas como isso se dará?”
Então o que nos resta? Como poderemos de verdade desejar um bom natal a todas as pessoas embaladas nesta festa cristã? Certamente tem peso um Feliz Natal quando sai da boca daqueles e daquelas que de verdade em suas vidas são todos os dias um verdadeiro Natal.

Acredito que temos em cada Natal a possibilidade de recriar esta festa, que não seja simplesmente a oportunidade de confraternização. Mas sim a oportunidade de uma vida nova, de mais lucidez na busca de sentido para a sua vida – fixando o olhar em Jesus. Natal é acolhida, é chegada, é de verdade atitudes novas (diárias) rumo a um novo mundo, novas opções. Quem vive em sua vida uma eterna acolhida da Palavra que se fez carne, agora se prepara para a próxima vinda de Cristo.  Um novo natal, um natal pleno, um nascimento novo para uma vida nova e eterna. Ou seja, sua vida sempre será um natal -  Maranatá (Vem, Senhor!). Não podemos ter medo e vergonha de desejar uma feliz chegada de Jesus em nosso meio, desejar ao outro que Deus habite em seu meio significa desejar de verdade um feliz e novo natal diferente e mais discreto do que já encontramos por aí. Acredito que desse modo poderemos embalar dentro de nós a pergunta, o que seria de nosso mundo "se o Natal fosse todo dia?". Laércio.sj

Um comentário:

  1. Palavras cortantes, que [inter]ferem na vida de quem tem olhos e ouvidos atentos a elas. Que bom termos gente de verdade, com a coragem e disposição necessária para expressar em palavras e testemunho a essência radical do que é ser cristão e cristã. Alegria e ousadia que anima nossa fé. É o que és!

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